Essa matéria foi publicada na Revista Leve edição de Natal, entrevistei um ex presidiário que mudou sua vida.
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Um caminho para cristo
Algumas pessoas acreditam que, ao nascer, o futuro já vem escrito. Outras acreditam que a vida é feita de acasos. Mas a única certeza que se pode ter é que o destino é traçado de acordo com as escolhas que fazemos. Para Regivaldo não foi diferente.
Conheça as três fases de uma dura realidade e uma renovação através da Fé...
TERRA...
Quem olha para este homem calmo, de rosto expressivo, cabelos penteados, camisa social e um sorriso tímido, não imagina que ele passou 11 anos preso por assalto, cárcere privado e porte ilegal de arma.
Nascido em 1962, em uma família pobre, na cidade de Bacabal-Maranhão, Antonio Regivaldo Matos da Silva, ou simplesmente Regivaldo, levou uma infância simples, educado por pais rígidos, que sempre ensinaram o que era certo. Apesar disso, aos 18 anos, influenciado pelas más companhias, conheceu o mundo das drogas. Para tentar lutar contra o vício ele resolveu vir para São Paulo, já que alguns parentes moravam em Ribeirão Preto.
INFERNO...
“Como eu possuía um revólver calibre 38, um “amigo” me chamou para fazer um assalto. Primeiramente eu recusei, mas após beber umas e outras eu perdi os sentidos e aceitei”, relata Regivaldo.
Logo após, ele e o seu comparsa seqüestraram uma pessoa, levaram a vítima para um cativeiro e a mantiveram presa por um pequeno tempo, roubando todos os seus pertences e deixando-a no lugar. Depois do crime os dois retornaram aos seus alojamentos, pensando que o acontecido cairia no esquecimento e que nunca seriam presos. “Achei que ia ficar por isso mesmo, que ninguém ia saber. Mal sabia eu que nós já estávamos sendo investigados, e no terceiro dia fomos presos.” Afirma.
Antonio Regivaldo foi condenado a 11 anos de prisão, e cumpriu os primeiros sete anos em Itirapina, interior de São Paulo. Foi lá que ele conheceu o inferno na terra, pois teve que enfrentar a dura realidade da prisão, em meio à corrupção e ao tráfico de drogas.
CÉU...
Com o tempo foi transferido para o presídio de Hortolândia-SP, um presídio mais rígido, onde havia horário para acordar por conta dos serviços que eles disponibilizavam aos presos. “Quando cheguei neste local, um senhor que estava lá havia certo tempo, me deu um conselho: Trabalhe ou estude, e se puder faça os dois”, relembra.
Foi o que ele fez, conclui o primeiro e o segundo grau, além de trabalhar para o próprio sustento.
Porém, o principal foi o trabalho de evangelização realizado por igrejas evangélicas que entram nos presídios, periodicamente, para falar sobre o amor e sobre a palavra de Deus. Isso foi importantíssimo para que Antonio Regivaldo se regenerasse e não caísse ainda mais no crime.
“Comecei a ler a Bíblia, a ajudá-los e, senti uma paz e uma confiança que nunca tinha sentido antes”, conta, emocionado.
Com o tempo Regivaldo assumiu uma nova postura na prisão, ele era considerado o pastor daquelas pessoas que necessitavam de uma voz amiga que os acolhesse ou àquele que queria seguir a palavra de Deus.
Quase no final da sua pena, no ano 2000, as bênçãos continuaram e ele conheceu a mulher da sua vida. Joceli era uma mulher que trabalhava junto ao grupo de evangelização que visitava o presídio. Em 2009, sete anos depois da sua soltura, os dois que continuavam a trabalhar juntos no serviço de evangélico, se reaproximaram, e continuam juntos até hoje.
Regivaldo teve a sua vida mudada completamente e após conhecer Jesus passou pelas maiores experiências de sua vida. “Conheci muitas pessoas boas, ajudei muita gente, no final das contas era esse o propósito de Deus”, afirma com um sorriso que não se pode traduzir em palavras.
(Guilherme Rodrigues)