Ouviu sussurros surdos, que vinham das paredes sóbrias daquele ambiente onde a vida era desenhada, uma comoda realidade lhe incomodava.
Se acostumou a ajoelhar-se como um servo a todas as ordens que o impuseram, trancou suas opiniões num lugar só seu, onde só ele conhecia, guardou a si, para si mesmo. A criança havia ajoelhado no canto de uma sala, recebia chibatadas por ser quem era, por amar o que e quem amava, uma lágrima escorria por seu rosto infantil, as paredes e o této pareciam comprimir à retirar o seu ultimo suspiro, o espaço parecia ficar cada vez menor.
Ajoelhou, pela ultima vez, e não era um servo que ajoelhara, mas um rei que se levantava, sua alma estava de pé iluminada como uma mãe dando a luz, altiva como raios de sol.
Fitou seu carrasco nos olhos, o olhar que penetrou no âmago fez fraquejar as mãos e deixou cair o chicote, ao se amedrontar diante dessa luz que brilhava em seus olhos, e tomar consciência de que açoitava a si próprio. Os duros castigos que recebia foram imputados por ele mesmo. E ao perceber que era muito melhor do que jamais imaginara, riu feito criança, a mesma que trancara dentro de si anos atrás e, que um dia esteve ajoelhada num canto de uma sala dentro de si.
Guilherme Diogo Rodrigues.